Ei, caros defuntos, a sua atenção
Ou quem de vocês tiver audição
Vou contar a história melancólica demais
De uma noiva-cadáver sedenta de paz
Vai, vai chegar sua vez
A morte virá não importa o freguês
Você pode até se esconder e rezar
Mas do funeral não irá escapar
A nossa garota era mesmo um pitel
Mas um dia encontrou um sujeito cruel
Ele era bonito, mas sem um tostão
E a pobre garota gamou no vilão
O papai disse: Não! Ela não quis ouvir
E então os pombinhos tramaram fugir
Vai, vai chegar sua vez
A morte virá não importa o freguês
Você pode até se esconder e rezar
Mas do funeral não irá escapar
Eles então combinaram de se encontrar
No meio da noite o segredo guardar
O vestido da mamãe serviu muito bem
Quem tem amor não precisa de bens
Exceto umas coisas, por precaução
Como as jóias da casa, um anel de um milhão
Junto ao cemitério, sob o flamboaiã
Um nevoeiro escuro, as três da manhã
Ela pronta pra ir, mas e o galã? (e então?)
Ela esperou (e então?)
No meio das sombras, seria o rapaz? (e então?)
O coração batendo! (e então?)
E então, queridos tudo ficou escuro
Quando ela abriu os olhinhos, tava morta, então
As jóias roubadas, que desilusão
A moça jurou que iria esperar
Por um amor verdadeiro, que a viesse livrar
Sempre assim esperando, seguia-se em paz
Até que chegou o distinto rapaz
Juntou-se a ela e a história real
Da noiva-cadáver chegou ao final
Vai, vai chegar sua vez
A morte virá não importa o freguês
Você pode até se esconder e rezar
Mas do funeral não irá escapar!